sábado, 29 de março de 2008

Educar pelo exemplo

Li num blog dum professor universitário um artigo 'Educar pelo exemplo' que achei muito interessante.

Começa assim: Quando as minhas filhas eram crianças, eu as levava às minhas aulas. Isto atraía a atenção dos meus alunos. Eu brincava: “Trago-as para que vejam que eu trabalho!” Claro, elas ficavam pouco tempo na sala e, finda a curiosidade, saíam e iam se divertir no campus, orientadas para que não se afastassem do prédio onde estávamos. Terminava a aula e lá ia eu procurá-las nos arredores. Eu me divertia e imagino que elas também. Além do mais, era uma maneira de incentivá-las a estudar e ter no horizonte a perspectiva de fazer um curso superior.

Leiam aqui o artigo na integra.

Depois partilhem comigo as vossas experiências como educadores ou como educandos.
Abri um grupo de discussão para onde podem enviar os vossos mails (ver caixa) e participarem neste grupo.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Pornografia versus erotismo (2)

Nos comentários que escrevi acerca deste assunto refiro-me a Francesco Alberoni.


Quem é Francesco Alberoni?

Nasceu no último dia do ano de 1929, em Piacenza, Itália. Jornalista, sociólogo e professor. Leccionou nas universidades de Milão e de Trento, mas também em Lausane e na universidade de Catânia. Autor de vários estudos sociológicos sobre movimentos e instituições, e mais recentemente sobre o relacionamento entre indivíduos. Actualmente, divide a sua actividade como conferencista e escritor, sendo ainda membro do Centro Experimental para Cinematografia. Na sua biografia conta com dois casamentos e quatro filhos. E uma colecção de obras editadas em várias línguas, entre as quais se destacam Enamoramento e Amor (1979), A Amizade (1984), Saber Decidir (2002) e o seu novíssimo Sexo e Amor.





Leiam a entrevista
http://www.maxima.xl.pt/0207/inti/100.shtml

segunda-feira, 24 de março de 2008

Recomendo: Lady Chatterley de Pascale Ferran


Uma adaptação do romance de D.H.Lawrence, "LADY CHATTERLEY" é a história de Constance, uma jovem mulher que, no seu castelo, vive dias monótonos, cismada no seu casamento e no sentido do dever.
O Amante de Lady Chatterley entrou para a história da literatura inglesa pela portado escândalo. O tema ousado (a relação extraconjugal de uma aristocrata com um empregado) e a descrição detalhada das cenas de sexo levaram o romance a ser banido – com direito à circulação de várias edições piratas antes da primeira publicação oficial na Inglaterra, em 1960.

Recomendem-me também filmes que já viram.

Livro / Filme recomendado: The nameshake - O bom nome

Um livro que aconselho a quem como eu vive entre duas ou mais culturas. Aconselho a quem perdeu raízes e anda à procura da sua própria identidade. O livro foi filmado por Mira Nair (Monson Wedding, Missisipi Masala, Salaam Bombay). Gostei tanto do livro como do filme.
Quando mudamos de país temos que nos integrar, muitas vezes apreender uma nova língua, assimilar usos e costumes que nos são estranhos e ao mesmo tempo tentar manter a nossa identidade.
Até as cores evocam coisas diferentes. Por quanto na Índia as pessoas fazem o luto de branco, na América as pessoas fazem o luto de preto. Na Índia é o vermelho que evoca a paixão e as mulheres casam-se com saris vermelhos, daí que seja um choque para muitos orientais verem casamentos em que a noiva está vestida de branco, cor que para os ocidentais evoca a pureza. Por sua vez em África o vermelho está muitas vezes ligado à bruxaria.
Muitas outras diferenças culturais são abordadas neste livro. Ainda que subtil pode ser dolorosa a confrontação entre as diferentes culturas. No entanto é importante não esquecermos as nossas origens.
Conhece as tuas origens para chegares ao teu destino.

Sinopse:
Trata-se da história de uma mulher indiana que deixa a sua vida de raízes tradicionais em Calcutá para se instalar em Cambridge, no Massachusetts, junto ao marido. Ashima resiste a todas as coisas americanas e anseia pela sua família. Com uma visão penetrante, a autora mostra não só o poder determinante dos nomes e das esperanças postas em nós pelos nossos pais, como a maneira lenta, e por vezes dolorosa, que encontramos para nos definir.

Pornografia versus erotismo

No mês passado passou na televisão holandesa o filme ‘Deep Throat’ (Garganta profunda). Apesar do apelo moral feito do político André Rouvoet para não passarem o filme, este passou em nome da liberdade de expressão. Em nome da liberdade de expressão pode-se ir muito longe (ofender fiéis de outras religiões, etc) excepto ofender a raínha.

Este filme estreou-se em Nova Yorque em 1972 e é talvez o filme pornográfico de maior sucesso de todos os tempos. O filme foi filmado em Miami Beach com um custo irrisório de 24 mil dólares financiados pela família mafiosa Peraino. Só nos EUA este filme arrecadou uma verba de 20 milhões de dólares, e no mundo inteiro esse valor chega aos 600 milhões. A actriz principal Linda Lovelace (1949-2002) recebeu uma quantia irrisória pelo papel que desempenhou neste filme e tornou-se mais tarde activista contra a indústria pornográfica.

Mas afinal, o que é pornografia? Qual a diferença entre pornografia e erotismo?

A palavra pornografia provém do grego 'porno' (prostituta) e 'grapho' (representação), portanto, etimologicamente, significa 'representação da prostituta'.
A palavra erotismo provém do latim 'eroticus' e este do grego 'erotikós', que se referia ao amor sensual e à poesia do amor.

Desde o começo do cristianismo as imagens sexuais foram criminalizadas.
Jacques-Marie Pohier, no livro Le Chrétien, le Plaisir et la sexualité (1974 ed. du Cerf.) em síntese lapidar, escreve: “A Igreja católica só admite o prazer sexual num caso particular: o dos esposos legítima e indissoluvelmente unidos, num coito pénis-vagina do qual se não devem eliminar as possibilidades de fecundação. Por um lado, proíbem-se todas as outras actividades susceptíveis de levar ao prazer sexual, e não existe nenhuma outra religião, cultura ou moral, que tenha limitado tão estritamente as condições da legitimidade do prazer sexual. Por outro, neste único caso em que é permitido, ele é precisamente apenas ‘permitido'. Durante mais de quinze séculos, o cristianismo pensou que, mesmo no caso em que era permitido, este prazer não estava livre de todo o pecado, e que, de todos os modos, não podia ser justificado senão por outra coisa: se um objectivo de outra ordem (por exemplo, um dos três ‘bens' do casamento) não viesse legitimar o seu exercício, não poderia ser prosseguido como um fim, mesmo se as condições requeridas para a sua legitimidade fossem respeitadas”.

A pornografia segundo a moral vitoriana (época de preconceitos, excessiva repressão moral e hipocrisia) provocava o desejo e por isso era condenável. Segundo a mesma moral, o sexo também só servia para procriar.

Em Abril de 1982, no parlamento português num debate sobre a lei do aborto o deputado João Morgado defendia a mesma teoria dizendo “O acto sexual é para ter filhos”. A deputada do PSD Natália Correia (1923-1993) deu resposta em forma de poema recitando:

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração!
-uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção
ficou capado o Morgado."

Em 1964 um juiz associado à Suprema Corte dos Estados Unidos Potter Stewart (1915-1985) disse: - Eu não posso definir o que é pornografia, mas quando vejo reconheço imediatamente.

A mim também me parece difícil definir a pornografia. Incomoda-me a indústria pornográfica que utiliza a mulher, as crianças, os homens e até os animais como objectos.
Por outro lado, incomoda-me também que os jovens apesar de mais informados, tenham uma educação sexual em que, na maior parte das vezes, esteja ausente a componente moral e ética. Fala-se muito mais de sexo do que de amor. O sexo não pode ser só uma técnica como se fosse ginástica. O sexo ligado ao amor tem mais significado.
Parece-me também que nesta época da globalização todos os valores sejam vendidos. Vejam também o blogue do sociologo Carlos Serra (Moçambique) sobre o Zicoísmo. Vejam aqui.
Será que apreendemos todos pelo mesmo livro?

sexta-feira, 21 de março de 2008

Elogio ao amor

Gostei de ler esta crónica do Miguel Esteves Cardoso (in Expresso). Nos meus tempos de menina acho que o amor era uma coisa grande, misteriosa etc. Falavamos menos de sexo. Hoja há menos tabus, fala-se muito de sexo e pouco de amor. Talvez o amor tenha perdido alguma beleza. Lembro-me que gostava muito dum poema (Quase nada) do Eugénio de Andrade que dizia 'O amor é uma ave a termer nas mãos de uma criança. Serve-se de palavras por acreditar que as manhãs mais limpas não têm voz'.

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem,tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

quarta-feira, 12 de março de 2008

A SIDA

Somos todos seroPositivos até testar Negativo !

Li um livro 'Tabus e vivências em Moçambique' do sociólogo Edgar Nasi Pereira.
Um dos capítulos chama-se 'Empréstimo de mulheres' .
Uma pequena citação: O empréstimo de uma esposa ou a cedência de parente próxima, para «conforto do viajante», integravam-se na herança cultural da maioria das etnias moçambicanas. A prática não provocava reacções nem chocava quem quer que fosse. Era normalidade. A escolhida não se prostituía nem cometia adultério, sentindo-se, em geral, lisonjeada, por ser considerada mais apta para tornar requintada a hospitalidade familiar.

Em Moçambique são cerca de 21.000.000 as pessoas infectadas com sida. Por trás destes números há órfãos, as pessoas não produzem, cresce a pobreza etc.
Para além das vivências e dos tabus à volta desta doença (que não contribuem para irradicar esta enfermidade), parece-me difícil resolver este problema sem ajuda dos países ricos.
Sei, sim que há muitas campanhas informativas sobre a Sida.

Comentem.

terça-feira, 11 de março de 2008

Inventem-se novos pais

Mães que se orgulham de vestir a roupeta da filha adolescente, de freqüentar os mesmos lugares e até de conquistar os colegas delas são patéticas. Pais que se consideram parceiros apenas porque bancam os garotões, idem. Nada melhor do que uma casa onde se escutam risadas e se curte estar junto, onde reina a liberdade possível. Nada pior do que a falta de uma autoridade amorosa e firme.
Lya Luft em "Ponto de Vista" - Revista Veja de 06/06/2007

Pensar é transgredir

Criei este blog para trocarmos opiniões. Escolhi o título dum livro duma escritora brasileira, Lia Luft.
Gostava de trocar opiniões acerca de alguns temas e problemas: ser pai/mãe neste mundo globalizado, sobre a arte de viver/sobreviver e sobre o que apreendemos nos sítios onde vivemos.
Sugiram livros para ler, filmes para ver e músicas para ouvir.
E como dizia o poeta: 'A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida'.