quarta-feira, 16 de abril de 2008

Prémio Goldman de Meio Ambiente de 2008 - Moçambique

Soube hoje deste prémio. É um tipo de música de intervenção e com repercussões positivas. Se souberem doutros exemplos de Moçambique que valha a pena conhecer deixem aqui o vosso comentário.


Capacitação através da música
Usando a música para difundir a mensagem de saneamento ecológico nas partes mais remotas de Moçambique, Feliciano dos Santos habilita os habitantes das aldeias a participar do desenvolvimento sustentável e deixar a pobreza para trás. Na província do Niassa, muitas aldeias não contam nem mesmo com uma infraestrutura de saneamento básico. Sem acesso confiável a sistemas de fornecimento de água limpa e tratamento de dejectos, a população está altamente sujeita a enfermidades.


Santos, que cresceu na região, é hoje o líder de um programa inovador que está a trazer esperança renovada ao Niassa. Com a sua banda, Massukos, reconhecida internacionalmente, Santos utiliza a música para divulgar a importância da água e do saneamento em Moçambique. Actualmente, o seu programa serve de modelo para outros programas de desenvolvimento sustentável em todo o mundo.



Massukos, a banda de Santos, incorpora a mensagem do saneamento à música, realizando apresentações em aldeias em todo o Niassa e, ocasionalmente, em outras partes de Moçambique e também no exterior. Desde que Santos iniciou o seu programa comunitário através da música, pessoas em todo o Niassa e Moçambique começaram a prestar mais atenção aos problemas de saneamento rural do país. Ao incorporar as ricas tradições de espectáculo do Moçambique, Santos e ESTAMOS (associação comunitária) conseguem estabelecer uma ligação com os habitantes das aldeias de maneira culturalmente apropriada, através da música e do teatro. Quando Santos e a sua banda chegam a uma aldeia no Niassa, toda a população local amiúde aparece para ouvir a sua música e a sua mensagem. A música, porém, não é a única razão do sucesso da ESTAMOS. Em Julho de 2007, Massukos foi à Inglaterra para o lançamento do álbum “Bumping” e apresentou-se no World of Music, Arts and Dance (WOMAD), o festival internacional de renome de música, arte e dança.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Poesia - Não te amo - Almeida Garrett

Ontem à noite, falei com a Mª Fenanda àceca do filme 'Lady Chatterley'. E a propósito do filme, ela referiu-se a este poema.

Já que o amor é, antes de mais, algo que se sente, como é que a gente o começa a sentir ? Será que tem de haver dialogo ou o amor não precisa de palavras ? O amor não é o que queremos sentir, mas o que sentimos sem querer ? Quem nos guia é o coração ou é a cabeça ? Gostava de saber o que sentem ou pensam. Não o amor na teoria mas na prática, pois varia muito segundo a concepção individual de cada um.


Não te amo

Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.


Almeida Garrett (04.02. 1799 - 09.12. 1854)



sexta-feira, 4 de abril de 2008

Amor & Fadas do lar

Depois de ter escrito sobre o ‘Elogio ao amor’ e ‘Sexo versus pornografia’ surgiram comentários: amor, eterno ou não?; porque é que já não se acredita que o amor possa durar a vida inteira?

Pensei: Porque é que aparentemente o amor durava mais antigamente?

No amor, o mistério desaparece à medida que a intimidade progride. Para durar, deve ser cuidado e cultivado.

Pensando em termos de antes e depois, noto o seguinte:

As pessoas casam-se menos, divorciam-se mais. O próprio sistema jurídico, nas sociedades ocidentais, facilita o divórcio. É mas fácil descartar (aliás, como tudo o resto numa sociedade de consumo). Os factores sociológicos e económicos que contribuem para este fenómeno, são a secularização da sociedade (as pessoas já não estão juntas até que a morte os separe) e a independência económica da mulher.

Históricamente, quando as pessoas começaram a fixar-se, os homens iam à caça enquanto as mulheres cultivavam a terra. Com a industrialização, os conflitos entre os homens e mulheres aumentaram. E porquê?

Porque as mulheres apreenderam a pensar mais nelas (já não são domésticas e muito menos fadas do lar!). Os homens (salvo raras excepções) não deixaram de pensar só neles.

Nas sociedades onde os valores individuais são mais fortes que os valores colectivos, ‘o outro’ perde um pouco o significado. Vivemos centrados em nós (eu, comigo e para mim), e sabemos que não podemos apoiarmo-nos nos outros. E aí começa o ciclo vicioso e a desarmonia. Vivemos sós.

No entanto, penso que as mulheres têm vivências mais colectivistas.

Enquanto, os homens deixam as mulheres sozinhas com os filhos e vão para a tasca, para o campo de futebol, etc., as mulheres olham para as necessidades dos filhos, marido, família e comunidade. As mulheres são o pilar das sociedades, trabalham como escravas e são mal pagas. Dum modo geral, são elas que conciliam o trabalho de casa com o emprego. E para dificultar a vida, as mulheres estão mal representadas a nível dos órgãos decisivos.

Nota: Concordo com o Prémio Nobel da Economia de 2006, Muhammad Yunus, que dizia numa entrevista conceder de preferência um microcrédito a uma mulher do que a um homem, porque as mulheres pensavam mais nos outros do que nelas próprias. Não gastam dinheiro com elas mas com a educação dos filhos etc.

Resolvi ilustrar esta mensagem com uma peça da escultora Joana Vasconcelos. Ela tem uma noção de expressão artística muito feminina: aproveitar coisas vulgares para fazer coisas extraordinárias! Esta escultura chama-se Cinderela tem 5 metros de altura. É feita com tampas e panelas. Será que uma Cinderela resolveu polir estas panelas todas, ou é apenas reflexo da luz? Esta foto foi tirada no verão, nos jardins do Palácio de Belém. Os holandeses poderiam chamar keukenprinces, isto é, princesa da cozinha.

 

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Juno - Trailer legendado

Este filme foi recomendado pela João neste blog (ver Lady Chatterley). Ela é a minha agente cultural e por isso resolvi procurar mais informações e voilá! Espero que seja um bom aperitivo cinematográfico, para quem ainda não viu este filme. Fica aqui um desafio (tanto para os pais e como para os filhos): deixem aqui o vosso comentário depois de irem ao cinema.