quinta-feira, 19 de junho de 2008

Xenofobia e racismo versus Globalização


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É impressionante mas parece que o apartheid voltou a vigorar. Agora de uma forma mais sofisticada, mais globalizada. Depois dos últimos acontecimentos na África do Sul recebi um mail com o recorte de jornal aqui anexado. Será que não se apreende com a história, com os erros cometidos no passado?

Mas gostava de vos contar como se vive na 'minha' aldeia. Deve ser parecido com muitos outros sítios, mas há sempre algumas diferenças.
Aqui na Holanda, exigem a um estrangeiro que venha para cá viver que apreenda a língua e a cultura holandesa. À primeira vista, não há nada de errado, mas o que se passa é que não exigem isso a todos, e os critérios são pouco claros. Por exemplo, um engenheiro é recrutado pela Shell na Índia para vir trabalhar na Holanda. Sabe que a língua oficial dentro da empresa é o inglês. Ao fim de 10 anos, a autarquia envia uma carta a esse engenheiro a dizer que este deve apresentar documentos comprovativos de que sabe falar holandês e que conhece a cultura holandesa.
Cultura holandesa? Como é que se define esta cultura holandesa? Há culturas dominantes e sub-culturas? Há culturas 'melhores' e 'piores' (maiorias e minorias, autóctones e alóctones)? Ou há um certo relativismo cultural? Quais são os usos e costumes? Valores ocidentais como Igualdade, Liberdade e Fraternidade? Individualismo? Tradições? Numa altura em que se fala (correctamente de política - politiamente correcto) de multiculturalismo e diversidade ética, não percebo bem aonde se pretende chegar.
Com um funcionário de uma embaixada já não se passa o mesmo. Estão isentos, não precisam de apresentar documentos nenhuns.
Por outro lado, para os refúgiados económicos e noivas importadas estes cursos são mais sofisticados: tem de prestar provas nas embaixadas da Holanda em Marrocos ou na Turquia.
Os cidadãos da UE não têm de prestar provas: são cidadãos que tem o direito de circular livremente.
Segundo a Human Rights Watch, este teste de integração foi criado para limitar a imigração e não para fomentar a integração. A Human Rights Watch quer que o exame de integração no estrangeiro seja abolido.

O que se passa, é que nos anos 60 vieram para cá viver muitos marroquinos e turcos. Nessa altura, eles vinham para trabalhar na reconstrução do país e nunca ninguém se preocupou com a integração deste grupo de imigrantes. Eram mão-de-obra barata para fábricas e para a construção civil. Hoje vivem em ghettos. A maioria é analfabeta e não sabe nem ler nem escrever. Ajudaram a reconstruir este país e hoje são as ovelhas ranhosas desta sociedade.
O que me parece, é que há uma preocupação excessiva com os estrangeiros, misturada com uma certa arrogância e xenofobismo. Para quem ouve as notícias parece que o problema desta terra são os imigrantes (cerca de 9% da população).
Daí que tenham sido criados partidos políticos como o Partij van Wilders, contra a Islamitizaçâo da sociedade holandesa, e Trots op Nederland 'Orgulhosos da Holanda'. O filosofo Britânico Michael Kenny escreveu um livro The Politics of Identity e comenta que neste tipo de política, falta ideologia.
O que foi feito aos ideais? Vivemos numa aldeia global ou será que as fronteiras económicas impedem-nos de sermos cidadãos do mundo?

Um filme lindo - The Way Home - Jibeuro


Sang-woo (Yu) é levado pela mãe (Dong), da capital, Seul, para a casa da avó (Kim), situada numa aldeia isolada no campo, constituída por meia dúzia de casas, afastadas umas das outras. Song-woo, de 7 anos, aborrece-se com a vida no campo, principalmente depois de acabarem as baterias do jogo electrónico portátil. A septuagenária é muda, pelo que a comunicação com a criança – que vê então pela primeira vez – é redobradamente complicada. Mas ela mostra-se muito paciente face ao comportamento abusivo e desrespeitador do neto, que terá de tentar suportar enquanto a mãe procura emprego na cidade.