quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

JINGLE BELL DOS MEUS INDIANOS

Não há nada melhor que esta salada de 'culturas', 'cores' e 'valores'. Festas cristãs e hindus: acho engraçada a ideia. Hoje um sudanês disse-me: ao governo é para todos, a religião para cada um. E eu acrescentaria: façamos festas ecuménicas.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Amores a mais é demais! Yuuh! Não vale a pena!

Um filme curto da N'weti, OneLove campanha em Moçambique. Vale a pena ver e divulgar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Naturalidade - Rui Knopfli

Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
europeias
e europeu me chamam.

Não sei se o que escrevo tem raiz a raiz de algum
pensamento europeu.
É provável ... Não. É certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.

Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Change Is Gonna Come


Uma mensagem de Ano Novo para todos os amigos que me acompanham.

Cidade - Cesaltina Martinho

O chapéu prateado do coreto resplandecia no céu duvidoso, algodoado, já outonal... e nem uma nota de música: nem concerto, nem trovoada.
E eu já nem pedia música de embalar porque embalados andamos nós todos, mas uma tempestade de ruídos ou de cor que agredisse os sentidos e as consciências.
Prendo os olhos no chão e é a mesma chita de beatas e insectos, cordões de sapatos por atar e cifrões, tudo cifrões...
E o coreto é uma construção, gaiola airosa à espera da passarada, à mercê da ferrugem neste pequeno jardim citadino onde não falta a estátua do poeta de quem nunca ninguém leu versos, e que ali continua teimosamente, imbecilmente, em pedra. Ah a fuga, a fuga urgente e inadiável. E agarro-me ao papel com a fúria de quem quer partir. Sim, porque este mundo de sonâmbulos e lampiões cansa, desespera.
Se ao menos o cata-vento fendesse o céu... Mas não, continua doidejando lá no alvo... e nada acontece.
Apenas um moço cara-de-cristo, de narinas levantadas, se abeira de mim. Quer adivinhar-me os pensamentos ou descobrir-me a cor dos olhos?
Ainda sonha, com princesas encantadas... E avança: «Tens lume?»
-Tenho!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

The Boy Who Harnessed the Wind

Um vídeo que traduz o impacto da criatividade e do engenho de um cientista malawiano:

Bonga - mona ki ngi xica



O essencial que Bonga Kwenda diz nesta canção:

Aviso-vos que estou a morrer
Estou a pedir-vos.
Ele vai ficar aqui e eu vou partir.
Filho é filho mesmo, se vier;
Filho é filho mesmo, a morte é desgraça.
Deus me deu um filho
e eu lhe gerei.
Ele vai ficar aqui e eu vou embora
Filho é filho mesmo, se vier; é filho mesmo, a morte é uma desgraça!