sexta-feira, 11 de abril de 2008

Poesia - Não te amo - Almeida Garrett

Ontem à noite, falei com a Mª Fenanda àceca do filme 'Lady Chatterley'. E a propósito do filme, ela referiu-se a este poema.

Já que o amor é, antes de mais, algo que se sente, como é que a gente o começa a sentir ? Será que tem de haver dialogo ou o amor não precisa de palavras ? O amor não é o que queremos sentir, mas o que sentimos sem querer ? Quem nos guia é o coração ou é a cabeça ? Gostava de saber o que sentem ou pensam. Não o amor na teoria mas na prática, pois varia muito segundo a concepção individual de cada um.


Não te amo

Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.


Almeida Garrett (04.02. 1799 - 09.12. 1854)



Um comentário:

Avid disse...

Belo post. Tambem sou fa desse poema que tanto me diz, em tempos postei la no meu cantinho. Gostei de encontra-lo aqui referenciado.
Bjs meus