sábado, 29 de novembro de 2008

Poema de Rui Knopfli

Não faço o que quero
faço o que posso.
E o que posso passa
pelo passo da dificuldade.

Palavras tenho poucas,
duras, despidas estacas,
complicando a minha escolha.

Ermas e perfiladas
ergo-as ao sol na vertical
e são monótonas e dão sombra.

Com elas levanto quatro nuas
paredes, um tecto em forma
de prece. Dificilmente
construo uma casa fácil

Fácil é fazer difícil,
difícil fazer o fácil.


Rui Manuel Correia Knopfli (Inhambane, 10 de Agosto de 1932 - Lisboa, 1997) foi um poeta, jornalista, crítico literário e de cinema.
Fez os seus estudos na África do Sul e iniciou uma muito activa carreira na então cidade de Lourenço Marques, actual Maputo.
Deixou Moçambique em 1975. Tinha uma alma assumidamente africana. Colaborou em vários jornais e revistas e publicou alguns livros. Desempenhou funções de adido cultural na Embaixada Portuguesa em Londres.

Um comentário:

JOSÉ disse...

O mais importante é mesmo fazermos o que podemos.
Gosto muito do Rui Knopfli!